quarta-feira, 28 de março de 2012

hoje pensei…


Hoje senti a troca de personagens no meu teatro
Vi-te a sorrir cruel no teu fardo
Sinto-te alegre nesse teu
Sinto-me feliz no meu
Se ainda se pensa é que porque não se esquece
Errado calor que sinto frio e não me aquece
Se sentisse o real dava-te razão
Mas não senti e dei-te o perdão
Penso é na coluna que não suportou
Penso é na verdade que comigo errou
Penso em ti engano a memória
Penso no nós que passou à história
Se não escrevesse o que era de mim
Escrevo agora para não pensar em ti
Penso nela que chegou assim
Penso num fim que rezo para não ter fim
Quero que fique e me possua
Quero que me ilumine e expulso a tua
Sombra que me há-de sempre assombrar
Que me há-de tentar parar
Sempre que me procurar
Mas isto é tão bonito
Pena é estar só escrito
Porque imaginação não me falta
E se me sinto preso ela não me arrasta
Hoje revolto-me e escrevo um NÃO
Amedrontado escondo-me na multidão
Ainda assim é o que decido
Tremo mas sei que consigo
São duas juras de vergonha sinto-me mutilado
Sangrento rouco mas capaz matei o passado.

Acordo e sinto-me achado
Alguém me diz que estou perdoado
Ela chegou e derreteu-se em promessas
Olhou-me nos olhos e invocou guerras
Lutou por mim contra mim próprio
Mas senti paz num lugar trópico
Cheio de luas e sois quentes
Dizes que gostas de mim e sei que não mentes
Deusa das deusas quebras-te montanhas
Um dia quando cair sei que me apanhas
Perdeste-te comigo mas vem perder-te outra vez
Sei que um dia vou amar-te por mil e um porquês
Nem as estrelas chegam para combater o brilho
Que sinto no coração quando estou contigo.



  • escrito por ricardo filipe sousa




Dedicatória: Para ti amor...e só para ti.



Notas: Ontem lembrei-me do passado e pensei que nunca o iria esquecer, apercebi-me do quanto parvo estava a ser e esta foi a resposta que escrevi para mim próprio








quis o que quis...


Quis ser recordado recorrendo a recortes
Quis manter-me vivo provocando mortes
Quis ser algo subtil mas acabei rodeado por papel
Quis gravar uma pintura sem recorrer a um pincel
Quis ser insensível, todos querem
Quis é difícil mas é fácil, e todos perdem
Quis levar-te comigo mas tu não vieste
Quis e podia mas tu não pudeste
Quis levar todos esquecer os medos
Quis ressuscitar histórias enterrando segredos
Quis fugir atormentado e consegui
Quis voltar atrás sem tropeçar no fim
Quis ao mesmo tempo ser uma excepção
Quis impingir momentos no meio de uma multidão
Quis olhar para ti e perdoar o passado
Quis guiar-me por uma bussola acabei desorientado
Quis um atalho um caminho mais perto
Quis e quero não avanço um metro
Quis e hei-de sempre querer
Quis o que quis e isso fez-me perder.
Quis em linhas mas quis não quero mais
Quis desculpa é por aqui que sais.



  • escrito por ricardo filipe sousa






Dedicatória: A ti "quis", pelo tempo que passaste comigo porque apesar de tudo estou a aprender a não ser rancoroso.



Nota: Passamos demasiado tempo a pensar no que poderiamos ter feito, o que queriamos mudar, mas acho que devemos chegar a uma altura e dizer basta, porque isso corrói-nos e não nos leva a lado nenhum, pûs um ponto final, e tu já puseste o teu?

assim rendo-me…


Sem ti porquê?
Levaram-te para quê?
Queria que me visses agora
Sem ti a minha alma chora
Sinto a casa mais vazia
Fosse o que fosse eu fazia
Para estares aqui mais uma vez
Mas sei que aí em cima tudo vês
Olha para dentro de mim diz-me o que falta
E protege-me da tentação que dia a dia me assalta
Que se passa contigo Deus? Só aos bons acertas
Diz-me afinal o nós tu invejas
Deus disse-nos uma vez “não matarás”
Mas levou o meu avô e agora quero voltar atrás
Quero ser pequenino mais uma vez reguila
Para me vires buscar á escola e segurares na mochila
Diz-me mais uma piada, fala-me de futebol
E desta vez abre-te à morte, não mordas é o anzol
Quero de novo as tuas infinitas prendas
Tenho tantas saudades espero que entendas
Sou capaz de muito mas nisso não minto
Só não te vou buscar avô, porque não consigo…


  • escrito por ricardo filipe sousa





Dedicatória: Ao meu avô que faleceu quando eu tinha 14 anos, só queria que voltasses avô onde quer que estejas tenho a certeza que irás ler.



Notas: Muito dificil foi escrever este, muito.

sábado, 24 de março de 2012

um retrato restabelecido…


Raramente reentro na ruptura
Mas reentrava ciente na rasura
Que é só tua realeza rua
Realinho o real rapidamente
Antes que me roa rígido repentinamente
A minha vida é em tons rosados e ri
Em retorno lembra-se de quando um dia rugi
Reentro retocando apenas o que realço
Realmente ripando numa realidade onde refaço
Reversível rodo à volta sinto-me um ser retrógrada
Refinado relacionado com o que se refoga
Relembro-me de ti rara e eu roto
Relembro-me de ti revigorante e por isso rogo
Reenvio a letra reaccionária agora deus reinventa
Culpa minha o que é quente não esquenta.
Relógio por favor agora reage de rompante
Rebenta-me e engole-me daqui em diante.


  • escrito por ricardo filipe sousa  



Dedicatória: ao "R".

Nota: Estou com a sensação que ando a fazer um "raid" ao meu passado, é para aí o segundo ou terceiro poema no espaço de três semanas que publico revelando tantas coisas sobre mim.

Curiosidades: Tive de [R]ever o poema antes de o publicar, cortar algumas partes e substituir palavras.



a minha, a tua, a nossa juventude… (homicídio lírico IV)


Estudar sempre foi à base da genética
Tu corres e vegetas na mente com a estética
Esperas que cresça um resultado onde começa o fracasso
Com recreatividade sempre a fugir do embaraço
A vida é simples complicas o simplificado
Ofereces melhoras aos outros à espera que seja do teu agrado
Mas ela puxa-te quer a tua alma e o dinheiro
Esperas por limões num jardim onde não há um limoeiro
Passeias numa juventude escondida num berço
Olhas à volta e compras valores a qualquer preço
Chumbas na escola dos maduros à espera de uma confirmação
Achas que todos te desiludem e te partem o coração
Cresce porque aqui ninguém te acompanha
Não saltes entre poças se não queres cometer mais uma asneira
Recebe o meu conselho, hoje estou feliz amanhã entalado
Não tenho noção do fundo, vou morrer afogado.


  • escrito por ricardo filipe sousa 



Dedicatória: O poema não é direccionado a ela apesar de ser outro "homicídio lírico" mas quero dedicá-lo à Vera Costa, uma grande amiga minha, tenho-me esquecido dela nos últimos tempos, peço desculpa.


Notas: Hei-de chegar a todo lado....falsidade, amor, traição...chegou a vez da juventude.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Auto Entrevista de Ricardo Filipe Sousa


Porque quis dar uma entrevista?

-Porque sou maluco e gosto de escrever sozinho, principalmente de madrugada.

Agora asserio, porquê?

-Quero que as pessoas entendam melhor o meu trabalho e assim é mais explícito.

Afinal qual é o seu objectivo? É que muitas pessoas comparam o teu trabalho com o movimento hip hop.

-Nada haver, gosto de hip hop vivo-o todos os dias, a minha poesia é um manifesto, um desabafo gratuito para todos, no qual tento mostrar o meu ponto de vista da vida por muito inocente ou pessimista que seja, não procuro sucesso, se o procura-se estava mal orientado.

Começas-te a escrever quando e porquê?

-Comecei em Julho do ano passado, sempre gostei de poesia, mas a oportunidade para escrever surgiu naquele momento, tinha os meus motivos, as minhas inspirações.

Tens neste momento três poemas no título com “homicídio lírico” que quer dizer?

-Como me considero um poeta muito ressentido e carente, quer dizer nada mais nada menos que "o ricardo está a querer enterrar uma verdade trazendo-a ao de cima", geralmente (os dois últimos foram), estes homicídios são dirigidos a uma ou mais pessoas por uma e só uma razão, o primeiro é sobre a falsidade, o segundo é sobre o amor falso este terceiro é sobre a traição na amizade (gosto de revelar as verdades que todos sabem mas poucos admitem), porquê traição? Porque já me aconteceu muitas vezes considerar pessoas grandes amigas e na hora em que elas podem escolher alguém que as acompanhe durante uns longos anos preferem ir para a traição sempre tão bem arranjada e tentadora. As pessoas para quem eu escrevo nunca sabem porque eu sou cobarde, nada disso, sabem, sempre fiz questão disso, até porque a minha intenção é mesmo atacar, mas atacar de uma maneira critica, se não chegam a saber, não posso fazer nada.

Quais são os temas que mais gostas de explorar?

-Sem dúvida o amor e a minha vida, é uma maneira de me conhecer melhor, acho que ninguém se conhece a si mesmo a cem por cento e a poesia revela-me.

Todos os poemas estão ligados a ti de uma certa maneira?

-Todos, indirectamente ou directamente.

Tens planos para o futuro?

-Quero fazer um trabalho meu, claro, uma espécie de livro com prefácio, introdução, três capítulos, conclusão, tudo com um estilo minimalista, para ficar como recordação ou para “portas” que me possam surgir no futuro.

Queres sugerir algum poema?

-É sempre um gosto:









larga-me carma...


E se alguém pensa que te esqueci está enganado
De tudo tudo o que queria era ser amado
Verdade será que errei se pisei o risco se foi um misto
De emoções que eu nunca tinha visto
E o problema é que sei que nunca vais ler isto
Desejo do passado que não assisto
Túnel ao fundo do túnel só se desencacha
Direito a um caminho que nem o bruto do futuro acha
Chama como cultivas gelo
Preso em mil e uns já nem vê-lo
Estou cheio de medo
Completa de uma vez o meu pesadelo.
E leva-o não posso nem vais vê-lo
Vai e vem revolta-me ardendo em degredo
Ó tu não me deste o que eu quis
Terra à vista e agora só te ris…




  • escrito ricardo filipe sousa 



o inferno merece melhor… (homicídio lírico III)


Foi por um triz
Que não caí no vosso jogo e fiz
Jogos sujos imperdoáveis
Encarnados em personagens detestáveis
Quero que se lixe a amizade
Não são com três dúzias que se constrói uma verdade
É tanto aquilo de que padeço
Mas continuo sem esquecer aquilo que não esqueço
Só tenho cinco ou seis amigos, são água no meu fogo
Porque o resto não corre comigo metade do que eu corro
Uns empurram-te são miragem de uma ajuda
Mas assinam com o teu nome debaixo da culpa
Há quem jogue jogos contigo sem saberes o que jogas ou com quem estás a jogar
Para mais tarde seres tinto e ficares sem a taça que querias ganhar
Tenho dois olhos à frente mas preferia ter dois atrás
Correr quando os visse chegar para me deixarem em paz
Faz o que eu te digo e abana a tua árvore
Deixa os frutos podres caírem e apaixona-te pela verdade
Hoje sou feliz porque acordei a tempo
De um pesadelo onde era vítima de um passatempo
Vou rezar por ti, amanhã tens de estar mais rijo
Olha para a direita, despacha-te é tudo o que te exijo
Pões ligaduras nas feridas protege-te da dor
Olha para a esquerda e tem cuidado vem aí outro traidor.


  • escrito por ricardo filipe sousa





Dedicatória: Aos meus VERDADEIROS Amigos, com maiúscula, porque merecem.


Notas: Primeiro que tudo quero explicar o porquê de "homicidio lirico", como me considero um poeta muito ressentido e carente, quer dizer nada mais nada menos que "o ricardo está a querer enterrar uma verdade trazendo-a ao de cima", geralmente (os dois ultimos foram), estes homicidios são dirigidos a uma ou mais pessoas por uma e só uma razão, o primeiro é sobre a falsidade, o segundo é sobre o amor falso este terceiro é sobre a traição na amizade, porquê traição? Porque já me aconteceu muitas vezes considerar pessoas grandes amigas e na hora em que elas podem escolher alguém que as acompanhe durante uns longos anos preferem ir para a traição sempre tão bem arranjada e tentadora. As pessoas para quem eu escrevo nunca sabem porque eu sou cobarde, nada disso, sabem, sempre fiz questão disso, até porque a minha intenção é mesmo atacar, mas atacar de uma maneira critica, se não sabem, não posso fazer nada.


sábado, 17 de março de 2012

arriscar é um risco quando é arriscado…


Dói me as mandibulas de tanta inutilidade
Preso numa cadeia vítima de uma honestidade
Nuvem cinzenta que me aborda
Atormenta o futuro, o dia em que ela não acorda
Acções escusadas escutadas e acusadas
Fragmentadas presas entre milhões de escadas
Labirinto palitando as pessoas á espera
De outro coitadinho que queira fugir á regra
Oiço-os iludidos digitalmente falando
Era perdida errante, vai-se agravando
Impressão que impregna vai-se impregnando
Derretendo-te sobre a pele a noção do engano
A coerência divorciou-se da coesão
Vejo flashes desarticulados no meu coração
Se desejo o fim dão me a sensação
De um infinito sim disfarçado de um não
Venha á morte que eu confio, lance os dados
Não acredito na justiça da vida, sim em condenados
Mundo que só come, vai-se comendo…comendo e comendo
Atiça á maldade e espera na balança mais um instruendo
Estou embriagado num orgulho tão orgulhoso
Tão orgulhosamente penoso
Sinto-me mecanicamente venenoso
Num rico brilho, baldado luminoso
Meu enredo em segredo escondido no lago que não esqueci
Para variar variei errei afogado no fim.





Dedicatória: Este dedico a mim.


Notas: Um dos meus preferidos, como o "sonhos teimosos..." diz muito sobre mim e está ligado com o "o lago profundo..."



uma nostalgia vingativa…


Olha, era assim
Agora estou assim
E sem ti
Olho para o passado e vejo-te aqui
Só queria ser assim
E estar sem o sem ti
Escorregas-me ao ouvido assim
E eu sinto-te aqui
Vejo-te ali
Queria ir contigo daqui
A uma praia assim
Grande como o meu coração e a ti
Dizer-te que estou assim
Por ti.





Mentira.






Dedicatória: Á palavra "assim" e "ti" que encaixam tão repetitivamente bem neste poema pequeno. Simboliza a facilidade da mentira.


Notas: Não é dirigido para ninguém. Qualquer coisa, é coincidência.

domingo, 4 de março de 2012

sonhos teimosos...


Parte comigo deste universo
Onde eu sou quem nunca fui e em verso
Lido com circunstâncias nervosas onde tinha
Uma certeza convencida em assimetria
Filosofia coesa, desnutrida e magra
Chegar chegaria mas isso não chegava
Para alimentar sonhos poderosos e atormentado
Fugia da tortura, de manhã, quando era acordado
O caminho da divagação abrandava o fluxo sanguíneo
E eu não queria mais nada; numa bandeja um caminho rectilíneo
Locomotiva ridícula, sistema sem carris para andar
Numa fantasia mirabolante onde quem para pararia ao parar
Querida mãe onde está a fruta vitamínica e deliciosa?
Infância idiota, que acredita em publicidade enganosa
Onde está o bilhete pai? Prometeste-me uma viagem
Desculpa se me perdi, foi mais uma miragem
Irmão…quem ontem tínhamos poderes e brincávamos no espaço
Cresceste a correr, já nem sei o que faço
Obrigado por tudo a culpa é nossa
Sou tão feliz e aí a culpa é vossa
Resta-me continuar a escrever e esperar pelo meu herói
É a verdade e hoje sei que ela não me dói


  • escrito por ricardo filipe sousa

Dedicatória: Este poema é para a minha familia, o meu Pai, a minha Mãe, a minha Avó e o meu Irmão Pedro pelo o quanto me fazem feliz. Eu não gosto de escrever poesia com mensagens directas por isso é que este é muito dificil de entender, principalmente o inicio, mas quem conseguir ficará a perceber muita coisa, porque diz muito sobre mim.



a descida à terra...


Estava numa sala bem mobilada
Bem iluminada
Com uma arquitectura quadrada
Pareceu-me que nada faltava
Preocupava-me a cara das pessoas
Faces horríveis nem ou duas boas
Todos eramos transparentes
Os corpos pareciam-me gelados nada quentes
A minha língua estava atada
Não podia dizer nada
Pelo canto do olho vi alguém a correr
Como se já soubesse o que ia acontecer
De repente o seu corpo subiu e algo invisível o torceu
Baixo-o e no chão o estendeu
Derreteu
E desapareceu…
Era tudo amargo
E eu não sabia do meu futuro quanto mais do passado
Aquela imagem não me agradou o paladar
Afinal o que é que se estava a passar?
E onde é que eu haveria de estar?
Um anjo disse-me: “Tem aqui um bilhete de ida
Viva um dia de cada vez bem-vindo à vida
Vais perder
Vais sofrer
Vais amar
E conquistar
É a lei não tens como te desviar
Escreve apenas quando te sentires sozinho
Espera uma luz e eu mostro-te o caminho
Não podes errar
Falha uma vez e num pesadelo te faço entrar
Aprende a perdoar
A maldade é inimiga do teu bem-estar
Há quem jogue o jogo do avesso
Impregnam em ti valores e colam-te um preço
Amigos nem uma mão vais ter
Porque terás as costas largas um dia irás perceber
Agora foge, corre o quanto te for possível
Porque a vida é penosa mas pode ser incrível
E se algum dia desejares desaparecer
Não desistas e corre mais que eu ajudo-te a esquecer”.

  • escrito por ricardo filipe sousa

Dedicatória: Como prometido este  poema é para o meu amigo Filipe Évora, por nunca ter deixado de acompanhar a minha poesia, fosse qual fosse o tema ele lá estava para dar a sua opinião e força, por isso decidi dedicar-lhe esta história que me aconteceu antes de descer para este inferno. Um grande obrigado.