Não imaginas o que eu vi
Devo confessar que ao início não entendi
A história não é longa continua a ler
Mais algumas linhas e já vais entender
O quê?
Calma, pergunta antes: Porquê?
Ricardo, porquê que estás a escrever?
Anda comigo e vais perceber
Não há muito para compreender
Até porque isto é algo diferente do que costumo fazer
Vou contar…
Vi algo que me deixou sem ar
Por momentos começou-me a molestar
Porque me estava a fazer lembrar
E em quantas coisas me fez pensar…
Não imaginas o que eu vi
Não, não imaginas porque eu cá não resisti
Em pegar logo na lapiseira
Escrever secalhar uma asneira
E abrir outra feira
Em forma de um poema
Com uma resma
De emoções
E comparações
Mas atenção que o objectivo aqui não é partir corações
É ferir milhões
Porque a tortura
Leva á loucura
E o partimento
É tudo menos lento
Não compensa a acção…
Por isso sejam bem-vindos á minha imaginação:
Não imaginas o que eu vi
O quanto me ri
Eram duas….
Calma…
Antes de mais nada, estes versos têm duas leituras
Duas aventuras
Uma boa e uma má
Tu decides qual das duas aqui predominará
Qual aqui está…
Mas qual realmente será?
O lirismo tem disto
E eu agora passei-te um visto
Quem domina o futuro neste poema sou eu
Da mesma maneira que já vi alguém decidir o seu.
Não imaginas o que eu vi
O quanto me surpreendi
Eram duas estrelas
Duas estrelas semelhantes…
Meu Deus e como eram brilhantes
Uma dela fez-me lembrar alguém
Quem?
Não sei
Quem?
Não precisas de saber
Quem?
Porquê? Que vais fazer?
Quem?
Não me podes ajudar
Quem?
Fazes o passado voltar?
Quem?
Tudo bem, eu vou contar…
É…
Não consigo, podes parar?
Desculpem mas às vezes oiço uma voz que não me pára de massacrar
Oiço-a sobretudo á noite como um uivar
Diz que vem para me assombrar
Por causa das escolhas que fiz e o que acabei por provocar
Mas eu só quero desabafar
Só quero voltar a respirar
Só quero escrever
Por favor voz tenta ver…
(…)
Uma das estrelas deu-me pena, menos que a outra reluzia
Sinceramente só me entristecia
A outra era cintilante
E eu estava ali perante
Tanta beleza
Digo-o com franqueza
Posso chamar-lhes de armadilhas?
Porque é estranho quantas estrelas estão no céu
Prontas a ser escolhidas
São todas tão parecidas
É preciso olhar com atenção
Não te deixares levar pela ilusão
Se não corres o risco de fazer uma má opção
Porquê?
Se por uma má acabei por optar?
Calma, apenas uma coisa que vi estou a relatar
Mas outra coisa se passou….
Quando as tentei chamar
Para descerem ao meu lugar
Uma não veio…
Pedi-lhe para vir devagar
Nem assim ela comigo quis estar
Ficou lá á distância
E eu permaneci na ignorância
Entretanto a outra desceu
Mas nada rendeu
Se as estrelas já são quase iguais
Esta era a mais comum, disto não quero mais.
Depois reparei no tamanho, parecem pontinhas
São tão pequeninas
Não provocam o mínimo efeito
É preciso olhar-lhes direito
Quando voei até elas afinal uma era grande
A outra dava-se pela errante
Sua personalidade incomodativa
Enquanto a outra era querida
Já viram como ilusões podem enganar?
E há sempre a “outra” para comparar?
Na minha opinião tomamos decisões
Com base em comparações
Brilho, pequenez, beleza ou simplicidade a mais
São exemplos de detalhes que nos levam a fazer as escolhas finais
Escolhemos quem é superior
Sem ter que depor
Para isto não há tribunais ou um ministério
Há-de ser sempre um mistério
Não sou julgado? Escolho a melhor estrela e a outra como fica?
Com certeza a sentir-se esquisita
A meus olhos não é perfeita
Não é a eleita
Mas se calhar não se fazia de esquecida
Quando a confronta-se e disse-se que estragou um episódio da minha vida
Se alguém chegou a estragar?
A mim?
Chega voz, estou só a exemplificar
E é aqui que quero chegar
Aos nossos olhos escolheríamos a estrela certa para amar
Mas será que é a ela que devemos agradar?
Qual destas estrelas é a melhor?
Qual merece que o meu coração a ame ao pormenor?
Tinha tomado uma decisão
PUM! PUM!
Vi um clarão
E apaguei…
Quando acordei disseram-me que nunca mais ia anoitecer
Que nunca mais a estrela que eu escolhi iria ver…
Então adormeci para sempre, estava CÉU LIMPO.
(…)
Agora nos meus sonhos vejo-te
Sinto-te
E apesar da distância
E onde quer que estejas
Eu só quero que vejas
Que da mesma maneira que esta estrela brilha
Tu iluminas o meu sonho sem fim
És linda.
Dedico este poema a todas as estrelas que andam por aí perdidas
A sentirem-se pelo passado feridas
Só desta maneira as consigo compensar
Porque cara-a-cara uma delas não consegui…
Não me quero lembrar
Prefiro continuar a sonhar
E nunca mais acordar
Daqui a uns tempos sei que já nada escrevo
Porque eu já nada compreendo
E infelizmente, Adormeci…
Mas nada esqueci.
- escrito por ricardo filipe sousa
Agradecimentos: Luis Costa