segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

a metamorfose lírica...


Conto os dias que faltam para te ver
Estou cego e não vejo em lado nenhum o que te escrever
Cobarde eu fui para nunca um poema te dar
Mas aqui estou, nestas linhas, para o compensar
Desculpa todas as mentiras que te disse
No fundo só queria que o futuro de ti se risse
Alegre por na tua a vida a felicidade ter planeado
E feito de mim alguém feliz que precisa de estar a teu lado…

Farol que pisca pisca
Com a sua imensidão mas não arrisca
Pequeno no grande é intercalado
Pisca pisca e mantêm-se calado
Na esperança de alguém o ver
Mas durante o dia ninguém quer saber
Na prática afinal o que é que tudo traduz?
Será que no final de cada túnel há mesmo uma luz?
E será que tudo é em vão?
Será que em cada esquina há sempre um ladrão?
Hoje comprei um relógio fiz dos ponteiros os meus dedos
Este tempo entregue a mim vou educá-lo sem medos
Navego por um oceano vermelho manchado por segredos
Sou pioneiro no deserto, lá sou mestre nos remendos
Camaleão urbano adapto-me ao ambiente
Imune ao veneno que para mim é transcendente
Fugitivo assassinei mil e uma mentiras
Sujei e incriminei com páginas cheias de rimas
O meu próximo alvo é o fracasso
Vou estrangulá-lo e fingir tudo que foi obra do acaso
Também quis ser tubarão urbano
Predador descomunal
Mas sou um dicionário sem brando
Preso no mesmo canal
E quem não me vê há tanto tempo?
Será que já me sentei noutro assento?
Estou todo sujo com o vento
Nunca me cansei de escrever poemas de amor
Apesar de ver pintado tudo sempre da mesma cor
O sangue não mudou
Mas a sociedade algo em mim alterou
Quero imitar estrangeiros ser o vendetta
E cortar o que do mundo se alimenta
Os defeitos arrebentam
As qualidades atormentam
Mas porque é que chupam a humildade?
E continuam a cuspi-la em forma de maldade?


  • escrito por ricardo filipe sousa

Dedicatória: Rita

Agradecimentos: um especial para a Inês ribeiro correia e a carina sacoor, filipe evora, filipa almeida, francisco sá, andreia almeida, devan aarya, maria miguel saraiva, marta soares, duarte branco, renato fernandes, mónica machado, david mitreiro, colocarei mais á medida que receba feedback's

um antónimo desgraçado... (homicídio lírico II)


Testa de duas montanhas não sabes como lhe apareceu
Minha pedra preciosa que Deus vendeu
A alguém que recebeu um mandato
Para te explorar num avanço onde ele é o atrasado
Revolucionou o teu coração com cravos
E eu só me ria dele com sorrisos forçados
Ditadura abaixo, humor é como o queres agora
Fico feliz por ti, porque eu já me fui embora.
Entre o ser e não ser há os que querem ser e não são
Durante mensagens e telefonemas "que amor, que paixão!"
MENTIRA, filosofia de uma vida que não encaixa em ti
Enquanto ele pensa que só tem bilhete de ida, enfim.
Príncipe da noite, quantos é que pôs já?
Desfiladeiro onde ele treme, com medo que te aTIRES de lá
Campeonato passado que também já passei
Disco riscado onde cuspi e apaguei
Não te preocupes que o segredo ficará sempre comigo
Não te usei e respeito o boi que tens contigo
Não sou remédio santo mas quis-te dar uma dose
Para ver se da próxima vez já te passou a tosse
Vemo-nos por aí, talvez no inferno
Porque és tão má como eu, com esse amor literalmente CEGO

Cego
Ceguinho
Abre o olhinho
Querias um rei
Saiu-te um menino.


  • escrito por ricardo filipe sousa

Notas: Este poema não é PARA NINGUÉM, apenas estou a explorar uma das vertentes da poesia que gosto mais, o amor/traição, para muitos apreciadores de poesia este pode ser um pouco "violento", mas acho que descreve bem algumas pessoas da nossa sociedade/juventude, o "Eu" neste poema é simplesmente um heterónimo. Qualquer coincidência com a realidade é mesmo isso apenas uma coincidência. Obrigado

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

o teatro que não queria saber...


São comprimidos que te dão falsas esperanças de riqueza
Com luxuosas alianças miragem de uma chama acesa
Coroa inquebrável sem dúvida é destemida
Coberta de ouro, esta é a mentira
Preto no branco e está sempre á tua frente
Mas não queres acreditar porque desta vez é diferente
Assim rodeia-te e está sempre contra a tua vontade
Seja bem-vinda…apresento-vos mais uma vez a verdade.
Pois bem aqui temos outro dilema
Compras-te bilhete para um teatro onde tu encenavas a cena.
Roubas-te tempo a pessoas para te fazerem uma visita guiada
A um museu roubado onde não havia mais nada.
Sozinho nadas-te contra todas as tempestades
E no teu porto atracado um barco resistente a atrocidades
Subiste a uma montanha para procurares outro céu
Quando a tua noiva te cegava com um simples véu.
Olha bem para ti
Nada, mas nada tinha de ser assim.

  • escrito por ricardo filipe sousa

Agradecimentos: filipe evora e lucia do carmo.

o lago profundo...


Mergulhei e para fora tudo salpiquei
Não dá para respirar agora mas arrisquei
Lago profundo que não sabe onde errei
Quer o meu corpo todo e trono onde quero ser rei
Numa mistura tão grande sinto-me pitada num tempero
Onde o tempo reina e eu sou seu servo
Esbracejo para chegar á superfície e sentir o teu cheiro
Ó verdade bonita acho que matei-o
O falso, que diz ser figura de uma paternidade
Tem filhos cruéis que brincam com a maldade
Cá em baixo não há comboios muito menos paragens
Bilheteira fantasma que não me vende viagens
Vou-me abrigar nas algas viver nómada longe de vocês
Fazer mil e uma decisões sem ouvir mais porquês
Porque um porquê mata um porque e com porquês não há saída
Uma entrada sem mais entradas não é favorável á vida
Cá em baixo não respiro mas fechado também não
Boa viagem mentira trata bem do meu coração!

  • escrito por ricardo filipe sousa

Agradecimentos: duarte lucena e david mitreiro

honesta como a verdade, cruel como a mentira...


Dias longos, longos dias
Tenho passado a ver o que vias
Escorrego, analiso e percebo
Que assim tenho passado serões em desassossego
Tarde se faz, tarde já é
Fecho os olhos e adormeço de pé
Sonho que vem, sonho que já veio
Sementes podres, só colho o que semeio
Acordado quero estar, acordado já estou
Acessível é pensar naquilo que sou
Não sei e concluo que mais rápido somos algo que nem sonhamos
Do que aquilo que pensamos e visto de fora nem imaginamos.
Escuro vejo, escuro sempre vai estar
Feridas que não vêem também não hão-de sarar
Inspiração que atraca, inspiração que tortura
Apresenta-se rápida e mora na rua da amargura
Hipócrita é, mas a verdade é sua
Curandeira divina que a dor me atenua.
Vem a mim solidão bonita que com a paz namoras
E todas as noites à janela pelo fim da falsidade choras
Cai sobre mim sol grandioso que tanta piedade engoles
Derretes a verdade e com ela tornas-nos moles.
Noite que chega, noite que é comprida
Bússola da mentira perduras a investida.
Adormeço errado mas acordo ileso
Inspiração por ti fui condenado, para sempre estarei preso.

  • escrito por ricardo filipe sousa
Agradecimentos: catarina santos, agata ribeiro, david mitreiro, filipa almeida e filipe evora

Dedicatória: Dedico este poema aos meus desaparecimentos que tanto me fizeram pensar e aprender.

o desaparecimento, a morte e o sossego… (homicídio literário I)


Às vezes gostava de desaparecer
Cair num paraíso mesmo sem querer
Era tão bonito por momentos
Eu esquecer todos os enredos
Criar a minha fantasia num círculo fechado
E tirar da boca este sabor amargo
Lindo era piscar os olhos e a angústia perder
Ou até mesmo bastar estalar os dedos para alguém esquecer
Mas porque que para esquecer temos de encarar a maldade?
E porque é que a mentira doí mais que a verdade?
Já tentei entrar em jogo com tantas estratégias…
Forte ou fraco largo sempre as rédeas
Amo a maneira como a minha inspiração no papel cai
Porque sei que ao menos essa não me trai
Sinto-a uma amiga em qualquer episódio triste
E alguém que nos meus piores momentos me assiste
Mas esquece tu que lês isto não percebes a minha dor
Não sabes o que é olhar à volta e não veres cor
Já pensei se estou a pagar por algo que fiz
Ou se foi o maldito destino que assim o quis
Sinto-me uma boa pessoa acho que não mereço
Toda a vida ter de perder quem amo a qualquer preço
Acho que estou amaldiçoado…
O mais provável é estar um trânsito de tristezas à minha espera parado
Às vezes fujo e mando vir as amarelas
Acho graça quando é tarde e vêm as sequelas
Por vezes sinto que quero aquela flor de volta
Mas ela não me abre quando lhe vou tocar à porta
Às vezes fujo e mando vir o nevoeiro
Sinto a minha vida pesada, azedo limoeiro
Por vezes sinto que quero voltar a tentar tudo outra vez
E rabiscar a minha história sem um ou dois porquês
Às vezes fujo e mando vir o pó
E excepcionalmente peço à minha criatividade dó
Olho para a frente e vejo um mundo rico em actividade
Encarno num empregado sirvo à mesa honestidade
E esta é a verdade da minha escrita
Transformo em linhas aquilo que me ataca a vista
Afastem-se da cidade da mentira ouvi dizer que há lá uma feira
Que vende rifas baratas mas num oceano de lágrimas é apenas uma ribeira

Estou tão arrependido
Que nojo, olha o tempo perdido
Agora dou graças a Deus por nunca te ter tido
Lembras-te da desculpa para uma desculpa?
Vou queimá-lo, é tua a culpa
Lembras-te do misterioso perfume?
Vou queimá-lo, que desnecessário, assume
Lembras-te do não imaginas o que vi?
Vou queimá-lo, as estrelas são mais bonitas sem ti
Lembras-te da queda que nunca me esquecerei?
Vou queimá-lo, sem ti hoje amanhã tudo serei
És ridícula, falsa deixaste-me desnorteado
Mas para mim ontem morreste nem lugar tens no passado...

ISTO NÃO ME CHEGA!
Então honestidade estou aqui estás vesga?
A minha mensagem de hoje é para mostrarem sempre o que têm de mostrar
Não se esqueçam de tratar bem de quem gostam e DIZEM gostar.


  • escrito por ricardo filipe sousa

Notas: Os poemas que coloquei até este na minha opinião são fundamentais para perceberem o desaparecimento, a morte e o sossego).

Agradecimentos: filipe evora, paulo costa, claudio oliveira, catarina santos, mafalda nobre, maria miguel saraiva e joao matos pelos gostos e comentários.

Dedicatória: João Pedro Matos



o misterioso perfume...


Estava no comboio e senti um perfume que me transportou
Não me agarrei, deixei-me levar e por momentos tudo mudou
Pessoas entravam
Paragens passavam
Mas nada importava
A cabeça não queria sair de onde estava
Bebi tantos pensamentos
Embriaguei-me com sentimentos
O perfume perseguia-me então ia mudando de carruagens
Mas era tarde demais e chegaram as imagens
Atravessaram-me, empurraram-me
Sem eu querer sentaram-me
Fechei os olhos e tudo começou
Imaginação essa que até as cores do mundo limpou
Estava amordaçado
Acorrentado
Com duas alavancas e uma árvore ao lado
Ouvi uma voz:
“Toma uma decisão atroz,
Uma alavanca deixa-te aqui assim para sempre
Mas terás esta magnífica e intocável árvore à tua frente
O outro leva-te de volta à carruagem
E eu apago-te da cabeça esta imagem
Tens de ser tu mesmo e precisas de coragem”
Foi tão complicado escolher
E difícil estas linhas escrever
Puxei uma alavanca com o coração
Mas tentei recuar na decisão
Não estava a ser o Ricardo e ouvi um não
O paraíso em outono se transformou
A árvore perdeu a força e folha a folha tudo voou
Acordei
E do cheiro do perfume não me lembrei
Foi quando que como possuído gritei:
“Deixei de ser o peão que roda e roda não é forte
Esqueci que eras a bússola aquela que me apontava o norte”
As pessoas olharam para mim
Levantei-me e disse: a minha viagem chegou ao fim

Neste mar de rosas és a flor que escolhi
Parti os meus espelhos dei-te tudo e em troca quase nada pedi
Desde que te conheci
É mais fácil contar as vezes em que não penso em ti
Nunca duvides do que senti
Quis levar-te ao México da felicidade e em vez disso tudo perdi
Boa sorte com o próximo que queiras expor nas tuas montras
Alguém como eu que te deseje tão bem não encontras
Isto não é nenhuma ofensiva
A guerra acabou ganhaste estou oficialmente na recessiva
Se nunca teve de dar
EU FAZIA COM QUE DESSE
Mas os outros tinham algo que não tenho e por um erro achas que sou alguém que não te merece
Diz-me apenas um dia se o que me fizeste valeu a pena
Ou se percebeste que em tempos fazer-te feliz era o meu lema...


…É tão azeda esta maresia
Sujei-me tanto a escrever para ti, esta é a minha última poesia.


  • escrito por ricardo filipe sousa
Notas: Curiosamente escrevi grande parte deste poema no comboio, outra parte  ás tantas da manhã, o resto neste mesmo dia.


Agradecimentos: mafalda ferreira, ines azevedo, maria miguel saraiva, david mitreiro, mafalda martins, rafaela ribeiro e filipe evora.

a queda que nunca me esquecerei...


O chão é tão grande visto cá de cima
Sinto o vento a passar por mim e arrepia-me como esta rima
É tudo tão bonito acima das nuvens, é como se tudo e todos me estivessem agradar
Lá em baixo é que nunca quero estar
Mas é onde estou agora
Não há nada a fazer e sim, esta é a minha história.
Não foi há muito tempo o sentimento
E senti o impedimento
De continuar no céu
Fui julgado estive no réu
Declarado culpado
Disseram eles, sem olhar para o meu estado
Carregaram num botão
E eu senti um empurrão
Um disse adeus e gritou: Próxima paragem chão
Não tenho palavras para o que senti
Muito menos para o que num piscar de olhos perdi
Ainda me lembro do que na queda gritei
E tudo o que naquela vida amei:

“Por favor não me deixes cair
Tenho medo e não vou mentir
Não vejo as cores estou cego
Puxa o que tenho cá dentro para fora e não nego
Que feliz? Sim vou
E tudo o que senti tornou-se no verbo passou

Acabei por cair
Do chão não passo
Um dia é a tua vez
E eu nada faço
Agora estou morto
E o futuro está roto
Pelos buracos escapou a felicidade
E eu percebi a impossibilidade
De fazer o que nunca fiz
De reparar o que desfiz
Felizmente ressuscitaram-me e deram-me a oportunidade de escrever uma última mensagem
Sim estas linhas são minhas, não são uma miragem
Não sei quanto tempo me ofereceram e ele escasseia
Vou atrás do que me resta? Será que amei-a?
No registo civil está marcado
Casada; Casada com o passado
E eu da luta divorciado
Já não vou a nenhum lado
Olha-me nos olhos e verás tudo o que nunca te disse
Será que estou feliz ou será que estou triste?
Escrevo hoje porque já só sei que nada sei
Malditas portas que se abriram e eu não as fechei.

  • escrito por ricardo filipe sousa

Agradecimentos: Maria Miguel Saraiva 

não imaginas o que eu vi...


Não imaginas o que eu vi
Devo confessar que ao início não entendi
A história não é longa continua a ler
Mais algumas linhas e já vais entender
O quê?
Calma, pergunta antes: Porquê?
Ricardo, porquê que estás a escrever?
Anda comigo e vais perceber
Não há muito para compreender
Até porque isto é algo diferente do que costumo fazer
Vou contar…
Vi algo que me deixou sem ar
Por momentos começou-me a molestar
Porque me estava a fazer lembrar
E em quantas coisas me fez pensar…
Não imaginas o que eu vi
Não, não imaginas porque eu cá não resisti
Em pegar logo na lapiseira
Escrever secalhar uma asneira
E abrir outra feira
Em forma de um poema
Com uma resma
De emoções
E comparações
Mas atenção que o objectivo aqui não é partir corações
É ferir milhões
Porque a tortura
Leva á loucura
E o partimento
É tudo menos lento
Não compensa a acção…
Por isso sejam bem-vindos á minha imaginação:
Não imaginas o que eu vi
O quanto me ri
Eram duas….
Calma…
Antes de mais nada, estes versos têm duas leituras
Duas aventuras
Uma boa e uma má
Tu decides qual das duas aqui predominará
Qual aqui está…
Mas qual realmente será?
O lirismo tem disto
E eu agora passei-te um visto
Quem domina o futuro neste poema sou eu
Da mesma maneira que já vi alguém decidir o seu.
Não imaginas o que eu vi
O quanto me surpreendi
Eram duas estrelas
Duas estrelas semelhantes…
Meu Deus e como eram brilhantes
Uma dela fez-me lembrar alguém
Quem?
Não sei
Quem?
Não precisas de saber
Quem?
Porquê? Que vais fazer?
Quem?
Não me podes ajudar
Quem?
Fazes o passado voltar?
Quem?
Tudo bem, eu vou contar…
É…
Não consigo, podes parar?
Desculpem mas às vezes oiço uma voz que não me pára de massacrar
Oiço-a sobretudo á noite como um uivar
Diz que vem para me assombrar
Por causa das escolhas que fiz e o que acabei por provocar
Mas eu só quero desabafar
Só quero voltar a respirar
Só quero escrever
Por favor voz tenta ver…
(…)
Uma das estrelas deu-me pena, menos que a outra reluzia
Sinceramente só me entristecia
A outra era cintilante
E eu estava ali perante
Tanta beleza
Digo-o com franqueza
Posso chamar-lhes de armadilhas?
Porque é estranho quantas estrelas estão no céu
Prontas a ser escolhidas
São todas tão parecidas
É preciso olhar com atenção
Não te deixares levar pela ilusão
Se não corres o risco de fazer uma má opção
Porquê?
Se por uma  acabei por optar?
Calma, apenas uma coisa que vi estou a relatar
Mas outra coisa se passou….
Quando as tentei chamar
Para descerem ao meu lugar
Uma não veio…
Pedi-lhe para vir devagar
Nem assim ela comigo quis estar
Ficou lá á distância
E eu permaneci na ignorância
Entretanto a outra desceu
Mas nada rendeu
Se as estrelas já são quase iguais
Esta era a mais comum, disto não quero mais.
Depois reparei no tamanho, parecem pontinhas
São tão pequeninas
Não provocam o mínimo efeito
É preciso olhar-lhes direito
Quando voei até elas afinal uma era grande
A outra dava-se pela errante
Sua personalidade incomodativa
Enquanto a outra era querida
Já viram como ilusões podem enganar?
E há sempre a “outra” para comparar?
Na minha opinião tomamos decisões
Com base em comparações
Brilho, pequenez, beleza ou simplicidade a mais
São exemplos de detalhes que nos levam a fazer as escolhas finais
Escolhemos quem é superior
Sem ter que depor
Para isto não há tribunais ou um ministério
Há-de ser sempre um mistério
Não sou julgado? Escolho a melhor estrela e a outra como fica?
Com certeza a sentir-se esquisita
A meus olhos não é perfeita
Não é a eleita
Mas se calhar não se fazia de esquecida
Quando a confronta-se e disse-se que estragou um episódio da minha vida
Se alguém chegou a estragar?
A mim?
Chega voz, estou só a exemplificar
E é aqui que quero chegar
Aos nossos olhos escolheríamos a estrela certa para amar
Mas será que é a ela que devemos agradar?
Qual destas estrelas é a melhor?
Qual merece que o meu coração a ame ao pormenor?
Tinha tomado uma decisão
PUM! PUM!
Vi um clarão
E apaguei…
Quando acordei disseram-me que nunca mais ia anoitecer
Que nunca mais a estrela que eu escolhi iria ver…
Então adormeci para sempre, estava CÉU LIMPO.
(…)
Agora nos meus sonhos vejo-te
Sinto-te
E apesar da distância
E onde quer que estejas
Eu só quero que vejas
Que da mesma maneira que esta estrela brilha
Tu iluminas o meu sonho sem fim
És linda.
Dedico este poema a todas as estrelas que andam por aí perdidas
A sentirem-se pelo passado feridas
Só desta maneira as consigo compensar
Porque cara-a-cara uma delas não consegui…
Não me quero lembrar
Prefiro continuar a sonhar
E nunca mais acordar
Daqui a uns tempos sei que já nada escrevo
Porque eu já nada compreendo
E infelizmente, Adormeci…
Mas nada esqueci.

  • escrito por ricardo filipe sousa
Agradecimentos: Luis Costa